terça-feira, 14 de dezembro de 2010

INFORMATIVO AOS CURSISTAS 2010/2011

Aos cursistas do curso de especialização Relações Étnico-Raciais Afro-Brasileiras e Educação Inclusiva: Formação de Professores para Diversidade, realizado pelo NEAB-UFES,

Informamos que por decisão unânime dos cursistas e professores que a reposição das aulas dos dias 26 E 27 DE NOVEMBRO DE 2010, canceladas por motivo da greve de ônibus, serão repostas nos dias 11 E 12 DE FEVEREIRO DE 2011.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO NEAB-UFES 2010/ 2011

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS AFRO-BRASILEIRAS E EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA DIVERSIDADE

O curso está sendo operado numa estrutura descentralizada, sob responsabilidade da Universidade Federal do Espírito Santo- UFES, por intermédio da Secretaria de Educação Superior e da Secretaria de Educação Continuada Alfabetização e Diversidade - SECAD, e do Fundo de Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE.


Instituição Executora: NEAB/UFES

Instituição financeira: FNDE
Público alvo: Professores (as), pedagogos (as), diretores (as)
Nº de vagas: 200
Categoria acadêmica: ESPECIALIZAÇÃO
Carga horária: 360 horas
Forma de oferta: Presencial
Período de vigência: Agosto de 2010 a novembro de 2011.


Coleção História Geral da África em português


8 volumes da edição completa.

Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010.

Resumo: Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela permite compreender o desenvolvimento histórico dos povos africanos e sua relação com outras civilizações a partir de uma visão panorâmica, diacrônica e objetiva, obtida de dentro do continente. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.


Download gratuito (somente na versão em português):

ISBN: 978-85-7652-123-5
ISBN: 978-85-7652-124-2
ISBN: 978-85-7652-125-9
ISBN: 978-85-7652-126-6
ISBN: 978-85-7652-127-3
ISBN: 978-85-7652-128-0
ISBN: 978-85-7652-129-7
ISBN: 978-85-7652-130-3
Informações Adicionais:

Senegal abre Festival de Arte Negra

Dakar/Senegal

Doudou Ndiaye Rose, o presidente senegalês, Abdoulaye Wade, abriu na última sexta-feira (10), no estádio Leopold Sedar Senghor, em Dakar, o 3º Festival Mundial de Artes Negras, com a presença de personalidades de diversos países do Continente Africano.


O Festival tem como tema o “Renascimento Africano” e o Brasil é o país convidado de honra e terá uma noite dedicada à exibição de suas riquezas musicais e outras manifestações artísticas. O Brasil está sendo apresentado como "terra da mestiçagem e da diversidade cultural". O encontro se prolongará até o dia 31 deste mês.


Presenças

Ainda sem confirmação oficial devem estar presentes grandes artistas brasileiros e grupos, entre os quais Chico César, Tereza Cristina, Rappin’ Hood e a Escola de Samba Império Serrano. Espetáculos de dança e paradas populares inspiradas nos tradicionais festivais brasileiros estão previstas para tomar as ruas senegalesas. Os sabores brasileiros também não serão esquecidos, com a presença de restaurantes com cardápios incluindo diversos pratos e especialidades brasileiras.

O show de abertura do Festival foi prestigiado por líderes de países do Continente Africano como da Mauritânia, Mohamed Ould Abdel Aziz, Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema, e Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha e contou com a apresentação do festejado mundiamente camaronês Manu Dibango, a beninense Angélique Kidjo, as sul-africanas do Mahotella Queens e os senegaleses Youssou Ndour, conhecido em várias partes do mundo onde já se apresentou, Baaba Mal e Ismael Lo.

Considerado o mestre dos mestres dos tambores, Doudou Ndiaye Rose, de 80 anos, encerrou o evento, comandando a apresentação do grande conjunto de percussionistas do Senegal.


Por: Redação: Antonio Lucio/Le Soleil/Dakar - Fonte: Afropress - 12/12/2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Por uma infância sem racismo


MARIE-PIERRE POIRIER

O Brasil é formado por muitas cores, vindas de quase todas as regiões do mundo. Essa combinação de diferentes povos e culturas é, sem dúvida, uma característica da população brasileira.

Mas, se essa diversidade é uma riqueza, por que ainda persistem desigualdades nas oportunidades?

Com o crescimento econômico brasileiro das últimas décadas, o analfabetismo caiu, a população tornou-se predominantemente urbana e o sistema de ensino superior passou por uma grande expansão.

Em geral, as desigualdades de renda diminuíram, resultado de políticas salariais e de transferência de renda aliadas a forte política de proteção social e expansão industrial. Mesmo assim, as desigualdades raciais persistiram e, em alguns aspectos, continuam críticas.

Embora as políticas públicas no país te nham sido construídas para todas as crianças, ainda não foram universalizadas em seus efeitos.

Estudos socioeconômicos e análises do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) mostram que os avanços alcançados não conseguiram ainda gerar impactos suficientes nas situações de desigualdades da população -sobretudo de crianças, adolescentes e mulheres negras e indígenas. A falta de acesso a serviços impõe obstáculos a negros e indígenas mesmo antes do nascimento.
Apenas 43,8% das grávidas negras têm acesso ao mínimo de sete consultas pré-natais, indicador que entre as brancas é de 72,4%.

Tal fato produz um efeito imediato e devastador na vida da criança.

Um bebê negro tem 25% mais chance de morrer antes do primeiro aniversário do que uma criança branca. Essa desigualdade é mais assustadora entre crianças indígenas, que têm duas vezes mais chances de não sobreviver aos primeiros 12 meses de vida em relação às crian as brancas.
O racismo também compromete o direito de aprender. Uma criança indígena tem quase três vezes mais chance de estar fora da escola do que uma criança branca. Da mesma forma, do total de 530 mil crianças de sete a 14 anos que não estudam, 62% são negras (Pnad, 2009).

Na adolescência, encontramos uma das faces mais cruéis do impacto do racismo. O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) mostrou que um adolescente negro que vive nas cidades com mais de 100 mil habitantes tem 2,6 vezes mais risco de morrer vítima de homicídio do que um branco.

Quando se fala em pobreza, a iniquidade segue o mesmo perfil. No país, 45,6% das crianças vivem em famílias pobres (renda per capita de até meio salário mínimo). São 26 milhões de crianças nessa situação. Dessas, 17 milhões são negras.
A análise segundo a cor de pele confirma a desigualdade socioeconômica e revela uma profunda desigualdade racial. Entre as crianças brancas, a pobreza atinge 32,9%; entre as crianças negras, 56%.
As estatísticas oficiais mostram uma situação de desvantagem e exclusão que tem reflexos muito concretos na vida de crianças e adolescentes. A criança, ao vivenciar esse cotidiano de desigualdade, tem a percepção de que negros, brancos e indígenas ocupam lugares diferentes na sociedade.
Por isso, torna-se fundamental uma socialização que desconstrua essa percepção, contribuindo dessa forma para mudar a realidade.

A campanha que o Unicef acaba de lançar promove a reflexão sobre essas disparidades raciais. O objetivo é alertar a sociedade sobre o impacto do racismo na infância e na adolescência e estimular iniciativas de redução das desigualdades.
Não podemos aceitar que a cor da pele determine a vida de crianças. Afinal, qual sorriso é mais bonito? Qual vida vale mais? Reconhecer e lutar contra o impacto do racismo na infância é condição primordial para uma sociedade que desej a garantir a igualdade de oportunidades e a valorização da diversidade para todos.



MARIE-PIERRE POIRIER, 49, economista, é representante do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil.